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1

À margem do lago de Agnano (Anianus lacus dos Romanos) jaz a gruta vulgarmente chamada do cão, pelas experiências que ali se repetem perante os curiosos que a visitam, introduzindo nela um pobre cão, que logo cai asfixiado em respirando o gás carbônico que do chão dela se exala, e no meio do qual se apaga a luz do archote. Neste caso especial, creio, merecerá desculpa o adjetivo cânica, que não vem nos dicionários.

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2

Depois da destruição do Foro Romano, pelo fero Rober Guiscard, em 1084, toda esta parte da antiga Roma, desde S. João de Laterano até o Capitólio, tão entulhada ficou, que a terra, pedras, e imundícias cobriram as ruínas, que ainda hoje se desencavam; aí apascentavam rebanhos de vacas, e daí veio o nome de Campo Vaccino, com que ainda hoje é conhecido.

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3

A destruição de Roma é devida, como vimos na antecedente nota, ao cavaleiro Rober Guiscard de Hauteville, filho de Tancrède, que, capitaneando os Normandos, entrara à testa de um formidável exército em Roma em 1084, fazendo recuar Henrique diante de si, e pondo fogo na cidade, desde S. João de Laterano até o Coliseu. Depois do saque dos Normandos ficou a antiga Roma deserta, e a população transportou-se toda inteira além do Capitólio, que em outro tempo fora o campo de Marte.

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4

Chamo mortais as águas do Tibre, não que elas venenosas sejam, mas porque aí morriam afogados os condenados de Estado, que da rocha Tarpeia se precipitavam, como Mânlio, e outros, de que fala a História.

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5

Mostra-se ainda em Roma uma torre quadrada, que no meio da cidade se eleva, na qual, diz-se, Nero se abrigara, para gozar da horrível cena do incêndio de Roma. Aí tangia ele a lira, enquanto as chamas devoravam a cidade. O verbo palidejar, de que me sirvo, creio que não vem nos dicionários, nem me lembra tê-lo encontrado em nenhum autor; se sou o primeiro que o introduzo na língua, poderei alegar em seu favor, que, tendo nós branquejar, negrejar, amarelejar e outros de igual desinência, nenhuma dúvida poderá este encontrar da parte de acanhados puristas; demais ele explica perfeitamente o efeito da torre em questão, esclarecida pelo clarão da lua. Aproveitando-me da natureza desta nota, direi que a filosofia espiritualística, que tantos progressos tem feito entre alemães e franceses, tem adotado novos termos e dado a velhas palavras novas terminações, como, por exemplo, idealidade, religiosidade, progressibilidade etc. Estas palavras representam novas idéias e delas nos podemos servir sem escrúpulo; de outra maneira condenemos as ciências e a língua à imobilidade.

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6

Há no recinto do anfiteatro Flávio (Coliseu) 14 altares, representando os martírios de Jesus Cristo, no meio uma cruz; servem esses altares para as estações penitenciais; aí vimos na Quaresma quantidade de povo prostrado, escutando as pregações dos missionários.

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7

Spinosa é considerado vulgarmente como ateu; filósofos modernos fazem-lhe justiça. Seu sistema da mais alta Metafísica não tem sido interpretado como devia, que mais pende ele para o panteísmo que para o ateísmo. De sua doutrina claramente se colige que ele concebia um Ser necessário, substancial e perfeito, que é Deus, e o resto só tem uma existência fenomenal e contingente. Pode dizer-se, rigorosamente falando, que não há ateus, pois que aqueles mesmos que parecem professar tais princípios, ou dão existência a uma substância primária, seja o nome qual for, ou se contradizem a cada passo.

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8

Antônio José da Silva, natural do Rio de Janeiro, poeta cômico, foi queimado vivo num auto-de-fé, em Lisboa, em 1739, porque, dizia-se, era judeu.

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9

Cláudio Manuel da Costa, conhecido com o nome de Glauceste Saturnino, distinto poeta, de quem correm algumas poesias impressas, sendo acusado, já avançado em anos, e preso com outros ilustres poetas, deu-se a morte na prisão.

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10

Tomás Antônio Gonzaga, tão conhecido com o nome de Dirceu, imortal nas suas liras. Nós lhe consagramos esta nota, porque, de quantos têm lido suas liras e nem todos sabem que reais foram as suas desgraças; comprometido com Cláudio Manuel da Costa, e Alvarenga, foi condenado ao desterro para Moçambique, onde expirou. Como Petrarca, imortalizou-se com suas poesias eróticas, e o nome de sua Marília será tão célebre como o de Laura, quando os brasileiros prezarem mais os seus literatos.

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